domingo, 9 de setembro de 2012

Te encontro pelo mundo

  Ontem encontrei com um passarinho cheio de charme. Sua especie é dessas bem raras que de vez em nunca a gente encontra entre os fios dos postes e se surpreende pela beleza de sua penugem diferenciada, dentre tantos pardais. Eu, papagaia que sou, falei, falei, cantarolei, falei, falei, falei e falei, mas nenhuma das minhas barulheiras foi o bastante para não ouvir o cantar leve e calmo desse passarinho.

  Conversa vai conversa vem, abraços vai, abraços vem, beijos vai, beijos vem, decidimos voar. Pois apesar de eu ser uma papagaia domesticada nunca cortaram minhas asas. Costumo da voos pela redondeza todos os dias desde outubro de 1993, porém nunca tinha encontrado nenhum passarinho charmoso como esse, que parece tanto com os da minha família, para voar comigo também.

Ele me falou coisas da vida dele e de seus desejos futuros também, e eu só a observar. Fiquei com uma vontade imensa de pôr ele no bolso e colocar na gaiola lá de casa. Mas seria muita crueldade de minha parte prender a liberdade em pessoa. Não seria capaz de um ato desse. Até porque o que fazia ele me ter era saber que ele era do mundo, da vida.

Sei que quando tudo ta indo bem demais, devemos desconfiar. Cheguei a brincar com ele sobre isso, contudo no fundo eu prefiro não desconfiar, só guardar. Guarda pro resto da vida na memória curta e no coração bobo dessa papagaia tagarela. Não sei se vou o ver mais, pois nem telefones trocamos. Mas eu prefiro que fique assim, fluindo. Sem a tecnologia para acelerar nada. E quem sabem um dia eu siga o sol da cidade pedalando para procurá-lo e ele me chame para o mundo.


eu, 18 anos.

Um comentário:

  1. Que passarinho bonito esse que pousou na tua noite e restou no teu coração, viu?

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